Coesão Textual






COESÃO TEXTUAL 


Coesão refere-se as articulações gramaticais entre palavras de uma mesma oração, com o objetivo de levar clareza e levar o sentido buscado pelo escritor. A coesão busca a harmonia entre estes termos e é percebida quando existe continuidade dos fatos expostos.
Segundo Halliday e Hasan existe cinco tipos de articuladores coesivos, que são:
Referência (Endofórica e Exofórica) , Substituição, elipse, conjunção e léxico.

Segundo Fávero e Koch ,  existe três tipos de coesão: Referencial ( Substituição e Reiteração) , Recorrencial (Paralelismo, Paráfrase, Recursos fonológicos, segmentais e suprassegmentais) e Sequencial (Temporal e Por conexão).
Leonor Lopes Fávero faz critica a outras classificações com relação à coesão lexical e com relação à referência exofórica.

  

SEGUNDO HALLIDAY E HASAN


 1.  Coesão por Referência

      Ocorre quando determinado elemento textual se refere a outro, substituindo-o. A referência, a princípio, pode ser em relação a um dado externo (exofórica) ou interno (endoforica) ao texto.

Exofórica.: é aquela que se refere a um elemento fora do texto.

Ex.: A gente era pequena naquele tempo. E aquele era um tempo em que ainda se apregoava nas ruas.

Endofórica.: pode se referir a algo mencionado anteriormente no texto à anáfora ou a algo mencionado posteriormente à catáfora.

    


Exemplo de anáfora:
·         Maria é excelente amiga. Ela sempre me deu provas disso.
Exemplo de catáfora:
·         Só desejo isto: que você não se esqueça de mim.




2.  Coesão por substituição

        Ocorre quando há colocação de um item no lugar de outro ou até de uma oração inteira. Pode ser nominal (feita por meio de pronomes pessoais, numerais, indefinidos, nomes genéricos como coisa, gente, pessoa) e verbal (o verbo “fazer” é substituto dos causativos, “ser” é o substituto existencial).

Ex:



       3.   Elipse

      A elipse acontece quando omitimos um termo que já foi apresentado anteriormente e que devido ao contexto criado pela oração se torna fácil lembrar esta expressão. A elipse é bastante utilizada tanto na linguagem escrita, quanto na oralidade, pois torna o entendimento do texto mais fácil, apesar da omissão de termos.

Ex.: 01- O diretor foi o primeiro a chegar à sala. Abriu as janelas e começou a arrumar tudo para a assembleia com os acionistas.
O termo “O diretor” foi omitido na segunda oração, antes do verbo “abriu” e do verbo “começou”.




       4.  Conjunção

     É diferente das outras relações de coesão, pois não está apenas relacionada a retomada de algo já expresso no texto. Os elementos conjuntivos são coesivos de maneira indireta, devido a relação que faz entre os períodos e sentenças.

Tipos de elementos conjuntivos:

-Advérbios e locuções adverbiais
Ex.: Os seus pais passam muito bem.

-Conjunções coordenativas e subordinativas:
Ex.: (subordinativas) Não sabemos se ela realmente virá.

-Locuções conjuntivas
Ex.: desde que, uma vez que, já que, por mais que, à medida que, à proporção que, visto que, ainda que, entre outras.

-Preposições
Ex: A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.

-Itens continuativos
Ex: Então, daí.

-Coordenativas
Ex: 




    5.  Léxico

É um tipo de coesão obtida pela reiteração de itens lexicais idênticos ou que possuem o mesmo referente. Inclui-se aí, também, o uso de nomes genéricos cuja função coesiva está no limite entre coesões lexical e gramatical ,nomes estes que estão a meio caminho do item lexical ,membro de um conjunto abeto e do item gramatical ,membro de um conjunto fechado.


Gramaticalmente, os nomes como gente, a pessoa, a coisa, o negócio, dentre outros, funcionam como itens de referência anafórica. Lexicalmente, são membros superordenados (hiperônimos) agindo como sinônimos dos itens a eles subordinados (hipônimos).


Outro fator de coesão lexical é a colocação, resultante da associação de itens lexicais que regularmente concorrem. Virtualmente não há colocações impossíveis, mas algumas são melhores do que outras, tendendo para o padrão que, quando fortes, constituem os clichês.

Ex.: Convém desmistificar aquele político, desmascará-lo é nossa obrigação. (sinônimos)
Ex.: O manifestante jogou um tomate na cara do ministro. A fruta estava podre. (hipônimo)





SEGUNDO FÁVERO E KOCH

1.  Referencial

1.1       Por substituição

A substituição se dá quando um componente é retomado ou precedido por uma pró-forma (elemento gramatical representante de uma categoria como, por exemplo, o nome; caracteriza-se por baixa densidade sêmica: traz as marcas do que substitui). No caso de retomada, tem-se uma anáfora e, no caso de sucessão, uma catáfora.
As pro-formas podem ser pronominais, verbais, adverbiais, numerais.

Exemplos:

1- Lúcia corre todos os dias no parque. Patrícia faz o mesmo.

Faz: pro-forma verbal (sempre acompanhada de uma forma pro nominal: o, o mesmo, isto etc.)


2- Mariana e Luiz Paulo são irmãos. Ambos estudam inglês e francês.

 Ambos: pro-forma numeral


3 - Paula não irá à Europa em janeiro. Lá faz muito frio.

Lá: pro-forma adverbial




1.2       Por Reiteração

A reiteração é a repetição de expressões presentes no texto e que tem a mesma referência.
Segundo Fávero, existe 5 tipos de Reiteração:

1.2.1    Repetição do mesmo item lexical

Acontece quando se repete um termo já utilizado na oração.

Ex.: O fogo acabou com tudo. A casa estava destruída. Da casa não sobrara nada.

1.2.2    Sinônimo

Para Fávero, definir a Reiteração por Sinônimo é muito difícil, pois não existe um sinônimo verdadeiro, já que todas as palavras de uma língua tem significado próprio, por mais semelhantes que sejam.
É feita quando se utiliza um sinônimo para referir-se a um termo dito anteriormente.

Ex.: A criança caiu e chorou. Também o menino não fica quieto!

1.2.3    Hiperônimos e hipônimos

Hiperônimo ocorre quando a primeira palavra mantém uma relação de maior totalidade com o segundo termo.

Ex.: Gosto muito de doces. Cocada, então, adoro.
 *Neste caso, observa-se que o termo “doces” engloba o termo “cocada”, por isso tem-se um hiperônimo.

Hipônimo ocorre quando a segunda palavra utilizada mantém uma relação de maior totalidade com o primeiro termo.

Ex.: Os corvos ficaram à espreita. As aves aguardavam o momento de se
lançarem sobre os animais mortos.
 *Neste segundo exemplo, nota-se que “aves” engloba o termo “corvos”, por isso tem-se hipônimo.

1.2.4    Expressões nominais definidas

Este caso de reiteração ocorre quando um novo termo retoma uma palavra já utilizada, para isto é necessário conhecimento de mundo por parte do leitor, já que o termo substituinte é uma forma de aposto da primeira palavra usada.

Ex.: O cantor Sting tem lutado pela preservação da Amazônia. O ex- líder da banda Police chegou ontem ao Brasil. O vocalista chegou com o cacique Raoni, com quem escreveu um livro.
  *Neste caso, a expressão utilizada “ex- líder da banda Police” retoma um termo já utilizado, “cantor Sting”, assim apresenta ao leitor novas informações sempre que se utiliza este tipo de reiteração.


1.2.5   Nomes genéricos

Os nomes genéricos são expressões bastante comuns à cultura de onde o texto foi escrito e por isso podem ser usadas sem medo do não entendimento do texto pelo leitor. São algumas delas: coisa, negócio, lugar, gente, dentre outras.

Ex.: Até que o mar, quebrando um mundo, anunciou de longe que trazia nas
suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos
vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa; e depositou na areia surpresa triste, um homem morto.
  *A expressão “coisa” é utilizada, neste exemplo, para designar algo que só é apresentado no final da frase, “um homem morto”.

2.  Recorrencial

  2.1Por paralelismo

Ocorre quando as estruturas de uma sentença são aplicadas de outra maneira, ou seja, o mesmo conteúdo reutilizado de maneira diferente. O paralelismo é uma estrutura estilística bastante empregada na literatura.

Ex.: Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador? Jó 4:17

2.2Por Paráfrase

Possui uma certa semelhança com o paralelismo, pois é uma reorganização ou reformulação. Este elemento coesivo é um articulador entre novas e antigas informações de um texto, e se difere de uma repetição pela criatividade do escritor.

Ex.: “A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por qualquer um, no mundo todo.” (Américo Barbosa, na Folha de São Paulo)
Reecrito : No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet. (PARÁFRASE)


3.  Sequencial

Os mecanismos de coesão sequencial são os que tem por função ,da mesma forma que os de recorrência ,fazer progredir o texto, fazer caminhar o fluxo informacional. Diferem dos de recorrência, por não haver neles retomada de itens, sentenças ou estruturas.

3.1 Sequenciação temporal

Qualquer sequência textual só é coesa e coerente se a sequencialização dos enunciados conseguir satisfazer as condições conceptuais sobre localização temporal e ordenação relativa que sabemos serem características dos estados de coisas no mundo selecionado pela referida sequência textual.

Assim ,a sequenciação temporal pode ser obtida por:


3.1.1 Ordenação linear dos elementos
É o que torna possível dizer

Ex:
-Vim,vi,venci
e não 
-Venci,vi,vim.


3.1.2 Expressões que assinalam a ordenação ou continuação das sequencias temporais

Ex:
-Primeiro vi a moto, depois o ônibus.
-Os capítulos anteriores tratam de eletrostática, agora falaremos da eletrodinâmica, deixando os problemas do eletromagnetismo para os próximos.


3.1.3 Partículas temporais


Ex.: 
Não deixe de vir amanhã


3.1.4 Correlação dos tempos verbais

Ex:
-Ordeno que deixem a casa em ordem.

-Paulo não chegou ainda embora tivesse saído cedo.


3.2. Sequenciação por conexão

Em um texto, tudo está relacionado; um enunciado está subordinado a outros na medida em que não só se compreende por si mesmo, mas ajuda na compreensão dos demais. Esta interdependência semântica ou pragmática é expressa por operadores do tipo lógico, operadores discursivos e pausas.

Os operadores do tipo lógico tem por função o tipo de relação lógica que o escritor estabelece entre duas proposições.


Os operadores do tipo lógico são:


3.2.1 Disjunção

Combina proposições por meio do conector ou, significando um ou outros. Essa relação só é verdadeira se uma das proposições ou ambas forem verdadeiras.

Exemplos:
-Quer sorvete ou chocolate?
-quero os dois.
-Há vagas para moças e /ou rapazes.


3.2.2 Condicionalidade

Conecta proposições que mantêm entre si uma relação de dependência entre a antecedente e a consequente.

Ex.: Se chover, não iremos á festa.


3.2.3 Causalidade

A relação de causalidade está inserida no tipo real da condicionalidade.

Ex.: Se Paulo é homem então é mortal


3.2.4 Mediação

As relações de medicação, do mesmo modo que as de causalidade, fazem parte da condicionalidade, mas são destacadas por razões didáticas.

Ex.: Fugiu para que não o vissem.

3.2.5 Complementação

Expressa-se por duas proposições ,uma das quais complementa o sentido de um termo da outra.

Ex: Necessito de um livro.

3.2.6 Restrição

Expressa-se por duas proposições em que uma restringe ,limita a extensão de um termo da outra.

Ex.: Vi a menina que toca piano.

3.2.7 Quebra de coesão

Regência Incorreta:

Ex.: “Nenhum dos encarregados está apto com assumir o cargo de gerente.”

Concordância Incorreta:

Ex.: “Ela chegou com o rosto e mãos feridas.”   Correto : “Ela chegou com o rosto e as mãos feridos”.

Frases inacabadas:

Ex.: “Ainda não estou curado mas estou em vias de...”

Anacolutos:

Ex.: “O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”. (Rubem Braga)”

"A coesão não nos revela a significação do texto, revela-nos a construção do texto enquanto edifício semântico".
- Michael Halliday


Referências

·         FÁVERO, L. L. & KOCH, 1. V. 1985. Revendo os critérios de textualidade. (Não-publicado.);

·         Arquivo virtual sobre o livro Cohesion in English de Halliday, M. A. K., and Ruqaiya Hasan. Disponível em http://sweet.ua.pt/rlcoimbra/documentos/rlcoimbra_APL_1990.pdf, acessado em 07/09/2013;


·         Site Virtual http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/coesao, acessado em 07/09/2013;

·         Fávero, Leonor Lopes. Coesão e Coerência Textuais.-11.ed.-São Paulo : Ática, 2009.(Princípios) 13. 35 p.

           EQUIPE:

FRANCISCO AIRES JOÃO PEDRO CALHAU 
LARISSA AQUINO
LARIZZA BRENDA
MAHARA PORTO
MANUELA SANTOS
RODRIGO TEIXEIRA
ROSANA PEREIRA
SAMYA FIGUEIREDO
SAULO COSTA

13 comentários:

Unknown disse...

Conteúdo excelente! Parabéns!

gamartes disse...

Me direcionou para o que necessitava no momento. Muito bom mesmo.

Unknown disse...

obrigada, me salvou! 👏🏻

Marcelle Reis disse...

Excelente material. Obrigada!

Unknown disse...

Otimo material. Parabéns!!!!

Unknown disse...

muito bom, me ajudou bastante.Obrigado.

MARCOS NOIA disse...

Alguém pode me explicar a concordância incorreta em “Ela chegou com o rosto e mãos feridas.”? Para mim está correta. Qual a lógica de dizer "... as mãos feridos." O verbo deve concordar com o último substantivo que é do gênero feminino.

Giane Taeko disse...

Por favorzão! Vcs têm este texto para enviar por e-mail?
FÁVERO, L. L. & KOCH, 1. V. 1985. Revendo os critérios de textualidade. (Não-publicado.)
Mandem pra mim, por favor!?
gtaeko@gmail.com

Unknown disse...

de todos os materiais que vi na internet este tem muito mais coerência. rsrsr
Parabéns.

zeneto camargos disse...

GENTE É MUITA COISA KKKK ESTUDAMOS E CAI NA PROVA SO AQUILO QUE A GENTE NAO LEMBRA

Franklin Thijm disse...

Parabéns!!

Filipe Campos disse...

Conteúdo excelente. Parabéns!

Janete disse...

Ótimas explicações. Também me salvaram. Muito obrigada!

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